Emergindo… (devaneios sobre a criatividade)

29 nov

por André Beraldino
(Coach de Relacionamentos CPC, CRC, CBEC / WCI-EUA)

Nada no universo é mais complexo que a vida.
A vida está em constante movimento.
Tudo parece profundamente misterioso.
Desconhecemos as maravilhas que podem surgir…

Aaah… O processo de criação / criativo. Como é que é essa experiência? Eu sempre senti que trata-se menos (bem menos) de fazer arte e sim de se estar num estado criativo constante onde a Arte é simplesmente inevitável. Através de nosso estado “normal” de ser, já somos criadores; criando nossa experiência da realidade e compondo o mundo da maneira que o percebemos. Independentemente de estarmos ou não formalmente fazendo arte, todos nós vivemos como artistas. Percebemos, filtramos e coletamos dados e, em seguida, experenciamos a vida com base neste conjunto de informações. Consciente ou inconscientemente, pelo simples fato de estarmos vivos, estamos ativos participantes do processo contínuo de criação.

Com pouco mais de 350.000 horas já vividas, posso seguramente afirmar que já passei umas boas milhares delas sozinho, escutando, praticando, experimentando, ‘esculpindo’, aprendendo e criando… Criando… Criando…

As ideias vão chegando e elas encontram uma forma de se expressar através de nós.

Às vezes o conteúdo vem primeiro. Outras vezes a estrutura assume a liderança, mas… É sempre um diálogo… E esse diálogo é… Constante!

E é um diálogo interno.

Então… Eu não estaria exatamente sozinho esse tempo todo não é mesmo? Como estar sozinho se existe uma conversa efervescente que trata de experiência(s) de vida, emoções, memórias etecétera e tal? Então é como uma série de “EUs” conversando comigo mesmo e acaba sendo um diálogo entre o passado, o presente e o futuro. Legal, né?

Criando, geralmente me encontro mergulhando nesse mar de possibilidades. Não importa se estou ouvindo ou falando, acabo participando ativamente dessa conversa e; para alguém que já teve uma jornada mitológica – e selvagem – de experiências de vida; me deparo com narrativas pessoais das mais diferentes positivas e também negativas. Cada peça nesse quebra-cabeças tem sua “voz natural”. Minhas criações vem desse reconhecimento. De que cada peça tem sua “voz” – sua história, seu(s) porquê(s)… O “trabalho” acontece através desse reconhecimento e não tentando mudar isso. Quando peças aparentemente aleatórias se encaixam, pode-se sentir uma intenção por trás de todo o trabalho. Algo quer que isso aconteça.

A criatividade humana, em toda a sua amplitude caleidoscópica, reúne as peças que formam a nossa cultura. A intenção subjacente do nosso trabalho é permitir que ele se encaixe perfeitamente neste “tecido”. Se nos rendermos ao impulso criativo, a nossa peça singular do quebra-cabeça toma a sua forma adequada. Algumas peças se encaixam com mais facilidade enquanto outras levam mais tempo para serem lapidadas de acordo. Às vezes, as soluções para estas peças difíceis revelar-se-ão assim que o contexto geral emergir.

Eu dediquei muitas dessas dezenas de milhares de horas filtrando todo tipo de ideia criativa. Algumas se materializaram de forma interessante, muitas simplesmente não funcionaram ou não ‘aconteceram’ como eu gostaria e outras tantas ainda estão por vir. Nenhum lampejo de ideia é em vão. Nenhuma ideia é um destino por si só. São apenas maneiras (diferentes?) de ver as coisas…

Rick Rubin diz que ninguém no processo criativo, além do criador, realmente entende o processo. Muitas vezes, nem o criador entende. Reconhecer isso talvez seja uma grande força criativa.

E é com essa energia (criativa) que anuncio meu novíssimo trabalho musical: EMERGENCE! (Lançamento em 01/12/2023 Pre-Save Link: https://onerpm.link/100844220394 )

ANDRE BERALDINO – EMERGENCE (2023 ALBUM COVER ART)

É um álbum denso, saturado e abrasivo que se encaixa nos gêneros #indietronica , #eletronicrock , #industrial , #glitch, #dreamrock apresentando elementos futuristas temperamentais. Há texturas dissonantes, feedback de áudio / ruído de guitarra, sequenciadores analógicos por todos os lados e sintetizadores incomuns.

Emergence “funciona” como um espiral: cada música é um movimento que revisita e reorienta diferentes aspectos do álbum. Assim como numa trilha sonora, os finais das faixas se sobrepõem criando uma narrativa constante.

Espero que gostem!

Citius. Altius. Fortius.

28 jul

por André Beraldino
(Coach de Relacionamentos CPC, CRC, CBEC / WCI-EUA)
devaneios do @corredorantifragil

Para quê treinar tanto? Ninguém nem , mesmo…
Horas e mais horas de corridas solitárias geralmente antes de “começar” o dia.

HOKA SPEED RUN 30K 01/07/2023 ~2:06

Acordar de madrugada num domingo gelado para largar as cinco e pouco no escuro da matina…
Por que? Pra quê?

Bill (Bowerman) dizia que “O verdadeiro propósito de se correr não é vencer uma corrida, é testar os limites do coração humano”. Ah… Isso eu já fiz e muito! Em todos os sentidos que posso imaginar… Mas… Não é só isso, né?

Todo esse suor não deve ser em vão. Correr pode ser, basicamente, um passatempo absurdo para nos exaurimos mas, se conseguirmos achar sentido fazendo “isso” é provável que consigamos encontrar sentido em outro passatempo absurdo: a vida.

HOKA SPEED RUN 30K 01/07/2023 ~2:06

Correr se resume a um pé após o outro e assim como a Vida: é um movimento de avançar contínuo. Enquanto estivermos nos movendo, estaremos aqui. E então corremos… Para sentir alguma coisa! Para nos certificar de que não estamos presos. Para fazer parte de alguma coisa. Para despejarmos todo esse nosso esforço individual num mar de energia humana – na esperança de estarmos participarmos de mudanças durante o trajeto… De nos sentir diferentes a cada linha de chegada que cruzamos.

E a linha de chegada está sempre “lá” ao final da corrida. Mas há algo muito mais importante do que vencer: comportar-se com virtude em uma corrida. A única competição que importa começava e continuava muito depois da linha de chegada. Se quisermos ser vencedores, temos que definir a competição apenas pelas coisas que dependem de nós mesmos.

A prática mais importante na filosofia estoica é diferenciar o que podemos mudar do que não podemos. O que temos influência e o que não temos.

“A principal tarefa na vida é simplesmente esta: identificar e separar as questões de modo que eu possa dizer claramente para mim mesmo quais são externas, fora de meu controle, e quais têm a ver com as escolhas que realmente controlo. Para onde então devo olhar à procura do bem e do mal? Não para coisas externas incontroláveis, mas dentro de mim, para as escolhas que são minhas” – Epiteto

SPCITYMARATHON 42.2K 30/07/2023 3:08

Não sabemos como estará o tempo no dia da corrida. Não temos controle sobre a meteorologia. Mas sabemos que devemos treinar e nos alimentar bem. Sabemos que no dia da prova nossa resistência será colocada à prova e daremos nosso melhor. Controlamos nossos pensamentos que nos motivam. Nossa estratégia. Nossa performance – a melhor que pudermos ter no momento de largarmos.

HOKA SPEED RUN 30K

Não controlamos se receberemos crédito por nossas boas ações ou se nosso trabalho duro será notado. Controlamos nossas ações em resposta às coisas… à tudo. O que você controla é como você joga – o jogo da vida.

Você controla como você joga.

Não se você ganhar.

Você controla como você joga.

Não se as pessoas gostam de você.

Você controla como você joga.

Não se as pessoas torcem por você.

Você controla como você joga.

Citius. Altius. Fortius. Significa: Mais rápido. Mais alto. Mais forte. Esse tem sido o lema das Olimpíadas há mais de 2.500 anos; mas, não significa mais rápido, mais alto e mais forte contra quem você está competindo. Apenas: Mais rápido. Mais alto. Mais forte.

SPCITYMARATHON 42.2K 30/07/2023 3:08

Nós, corredores, nos bastamos entre nossas passadas. Acordes dançando numa bela canção… Impossível deixar de citar Sting nesse momento: “Finding the world in the smallness of a grain of sand and holding infinities in the palm of your hand”. É isso. É “só” isso. Momentos infinitos em nossas “mãos”. O infinito entre nossa inspiração e nossa expiração.

E nesse “meio tempo” não há corrida, apenas o corredor. Um pé na frente do outro. E a vida vai acontecendo… E a vida é isso. Não é uma corrida contra outra(s) pessoa(s). A única “coisa” realmente sendo avaliada e testada somos nós mesmos.

HOKA SPEED RUN 30K 01/07/2023 ~2:06

Não existe uma linha de chegada “real”. É um pé na frente do outro. Um sprint após o outro. A maratona “real” consiste em levantar e continuar, não desistir, estabelecer nossos próprios padrões; ligeiramente fora de mão e quase inalcançáveis, encontrar satisfação e orgulho no progresso, no fato de sermos melhor hoje do que ontem, constantemente.

Pensando na “constância” da coisa me pego divagando sobre meu relacionamento com a corrida e com a vida em (constante) movimento. Com quarenta anos (recém feitos) nas costas, a questão que tenho como fio condutor é: por quanto tempo devo continuar fazendo isso? (“isso” seria treinar e correr – muito!)

SPCITYMARATHON 42.2K 30/07/2023 3:08

O fato é que, não consigo ver um fim para meu entusiasmo pela corrida. Vamos dizer que “comecei” a correr com aproximadamente 15 anos, então, a essa altura, vinte e cinco anos como corredor, estou me divertindo mais e correndo mais do que nunca. Eu permiti que meu relacionamento com a corrida evoluísse ao longo dos anos, o que o manteve fresco e empolgante.

A pandemia me ajudou a perceber que não precisava de uma corrida no calendário para me tirar de casa todas as manhãs ou querer me esforçar regularmente; paradoxalmente, voltar à me inscrever e a me empoleirar nas largadas de corridas competitivas me deixou animado para correr novamente – e levando isso a sério talvez como nunca antes! Então, o que mudou? O que há de diferente hoje em dia?

A abordagem. Treinos não são obrigações para mim. Não treino para saciar inseguranças pessoais. Eu simplesmente visto meus tênis de manhã e vou. Sou honesto comigo mesmo sobre quanto tempo quero investir nisso – geralmente 30 minutos cedinho durante a semana, além dos ~50 minutos de bike indo para o escritório e mais ~50 minutos voltando ao final do dia. Normalmente consigo espremer uns ~ 30 mins de caminhada no break de almoço também. Sou brutalmente honesto sobre onde e como quero que ‘isso’ se encaixe na minha vida. Eu simplesmente gosto de estar (preferencialmente “do lado de fora”) me movimentando de todas as maneiras que posso. Gosto de passar o tempo sozinho, explorar trilhas sonoras que geralmente construo a dedo para esses momentos (vocês podem curtir algumas dessas minhas seleções: aqui, aqui, aqui…).

Eu adoro as provas /corridas mas os treinos… ah… esses são para a vida! Qualidade de vida… Saúde física e mental. Alívio para as correrias (não literais) da vida.

HOKA SPEED RUN 30K

O objetivo desse devaneio é apenas reconhecer que, como qualquer relacionamento, o que cada um de nós tem com a corrida – ou qualquer esporte de resistência ou qualquer busca que valha a pena, na verdade – precisa evoluir com o tempo, caso contrário, é provável que se torne obsoleto, azede ou simplesmente acabe.

HOKA SPEED RUN 30K 01/07/2023 ~2:06

Correr tem sido amplamente responsável por grandes alegrias e aprendizados em minha vida. Nem sempre foi o relacionamento mais saudável ou tranquilo, mas nunca desisti e estou feliz por ter resistido. Enquanto eu puder ressignificar minhas perspectivas encontrando novas formas de curtir isso nos diferentes momentos de minha vida, acho que poderei continuar… Por um longo tempo ainda. Afinal de contas tudo aquilo que nos torna Humanos tende a continuar… Simplesmente, continuar…

SPCITYMARATHON 42.2K 30/07/2023 3:08

Por que as pessoas correm Maratonas? Segundo o biólogo Dennis Bramble: “(…) a corrida faz parte de nosso imaginário coletivo, e nosso imaginário está associado às corridas. O domínio da linguagem, da arte, da ciência, de viagens espaciais, das cirurgias intravasculares – tudo está relacionado com a nossa capacidade de correr.”

SPCITYMARATHON 42.2K 30/07/2023 3:08

PS: “Correr é o superpoder que nos tornou humanos, ou seja, é um superpoder que todos os humanos têm.” – Christopher McDougall

Estou fazendo isso certo?

26 jan

por André Beraldino
(Coach de Relacionamentos CPC, CRC, CBEC / WCI-EUA)

siga: @corredorantifragil

Você já se perguntou se está fazendo a coisa certa? Fazendo o quê certo? Bom… Tudo! Seu trabalho, estudos, relacionamentos… Hobbies… Já que estou dando continuidade nos devaneios do post anterior Corredor Antifrágil; vou focar em treinos e corridas. Seja o que for… Qualquer coisa que você faça… Talvez por trabalho/necessidade, talvez por paixão. Talvez você nem saiba porquê você faz essas coisas, mas, não importa a coisa, e não importa o motivo, é provável que você tenha parado e pensado: “Estou fazendo isso certo?”

Eu tenho corrido recentemente. Bastante. Na verdade não é um hábito novo. A corrida é uma paixão antiga. Quando “comecei”, na época do colégio, eu fazia isso silenciosamente, corria a noite, ia dormir, acordava antes de todo mundo e corria de novo. Eu desenvolvi uma relação interessante com a corrida. Para mim transcende ao “treino” como as pessoas geralmente fazem… É algo natural… Orgânico.

Mas você pode simplificar e chamar “isso” como quiser: apenas um esporte? Um passatempo? Sei lá. Pode ser… Não para mim. Logicamente o que geralmente “vem à tona” (nas redes sociais) são fotos de provas e competições… Etcétera e tal. Mas as pessoas mais próximas a mim podem relatar muito mais sobre isso ao longo de todos esses anos. E que jornada que tem sido. Não acho que elas sabem exatamente o que eu estava fazendo sempre que ‘saia para correr’, mas pelo menos devem ter uma ideia do tempo que passei treinando. Geralmente sempre me deixaram correr em paz.

Mas este artigo não é sobre o meu histórico de corridas; é sobre a pergunta que mencionei anteriormente:
Estou fazendo “tudo isso” certo?

Geralmente escrevo sobre minhas provas. É uma forma de manter um diário vivo para mim mesmo, mas, ao mesmo tempo é um diário que todos podem ver – se quiserem ver. É público – e não estou nem aí… Não me importo. Tá tudo bem. Mas eu me pergunto se tem gente “aí fora” que vê tudo isso e pensa que talvez eu esteja fazendo “tudo” errado… Hmmmm… Instigante.

Pensei nessa ‘questão’ por um tempo. Não muuuuito tempo… mas… “um tempo”.

É provavelmente uma pergunta que muitas pessoas se fazem. Não estritamente ao que diz respeito a corridas, mas às coisas em geral.

As pessoas querem se certificar que estão fazendo as coisas corretamente. Elas querem comer os alimentos certos, estudar as coisas certas, se relacionar melhor e, treinar corretamente. A ‘lista’ não teria fim. Tudo aquilo que nos torna humanos, continua a nos intrigar.

Na tentativa de fazer as coisas certas buscamos orientação. Contratamos coaches, treinadores e nutricionistas. Conversamos com terapeutas, lemos livros, fazemos aulas e passamos horas buscando tutoriais na internet. Pedimos conselhos. Coletamos o máximo de informações que podemos e tentamos aproveitar aquilo que faz sentido – e descartamos o resto.

Nos dias de hoje, com informações aparentemente intermináveis – e opiniões – essa busca pelo “certo” pode ser uma profunda toca de coelho. Não importa o quê você faça ou como faça… Quase sempre será capaz de encontrar alguém que pense que você está fazendo errado. Portanto, ao invés de tentar agradar a todos, decida por si mesmo o que você procura e concentre-se nessas coisas.

Se você valoriza treinos duros com muito suor e lágrimas, treine duramente e vá fundo. Se você é metódico e estratégico, faça isso, aprofunde-se nas teorias que mais fazem sentido para você e… vá fundo! Se você gosta de experimentar e busca técnicas alternativas… Seja uma cobaia! Agora… Se você adora se divertir, então festeje, cara!

Eu, particularmente corro porque gosto. A corrida me anima, me acalma, me desafia… Me sinto vivo correndo! É claro, que numa análise mais profunda, meu intuito é sempre melhorar treinando, mas, não quero perder a alegria que tudo isso me traz.

O ano de 2023 está apenas começando. Ao olhar para frente, reserve um tempo para pensar sobre o que você realmente deseja obter. Concentre-se nessas coisas. Tudo bem se elas não corresponderem ao que todo mundo pensa ou deseja. A aventura é sua, faça direito – ou não!

Marco Aurélio, o imperador filósofo estoico também não era perfeito. Com tantas responsabilidades competindo por seu tempo e atenção, ele era culpado, como todos nós, de deixar de lado seus bons hábitos.

Em seu diário (“Meditações”) ele escreve sobre a necessidade de uma alimentação simples. Fala sobre levantar cedo. Ele relata momentos em que ‘pisou na bola’… Estragou tudo. Ficou distraído, perturbado, sobrecarregado… Como todos nós.

E o quê fazemos quando tropeçamos?

“Quando abalado, inevitavelmente, pelas circunstâncias,
reverta de uma vez para si mesmo e não perca o ritmo
mais do que você pode evitar.
Você terá uma melhor compreensão da harmonia,
se você continuar voltando àquilo.” —
Aurélio, M.

Não importa o quanto erramos, o quanto tropeçamos, o caminho “certo” ainda está lá.
Está aberto para nós. Não está exatamente esperando por nós, mas continua lá… Pronto para nós.

Corredor Antifrágil

16 fev

por André Beraldino
(Coach de Relacionamentos CPC, CRC, CBEC / WCI-EUA)
siga: @corredorantifragil

15ª Meia Maratona Int’l de São Paulo 21K (13/02/2022)

O livro “Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos”, do analista de risco Nassim Nicholas Taleb, e suas ideias; tem me acompanhado nos últimos anos.

Embora seja essencialmente um livro sobre “risco e probabilidade”, os conceitos principais do autor podem ser aplicados nas mais diferentes esferas da vida.

Essas ideias, mais recentemente tem influenciado minha forma de pensar sobre corrida, exercícios, como me alimentar e viver e acho que é uma oportunidade bacana de falar um pouco sobre bem estar e saúde aqui no blog – por que não, né?

[Algumas provas ‘antigas’ que participei quando tinha meus vinte e pouquíssimos anos:]

Para quem não sabe, sou um entusiasta pela corrida e dedico boa parte do meu tempo “livre” curtindo essa atividade (em treinos diários, “longões” nos fins de semana e provas de rua). Pratico o esporte há aproximadamente 25 anos. As vezes de forma mais fanática, com treinos variados, intensos e várias corridas agendadas. Outras vezes encaro as corridinhas da semana de forma mais leve, mas sempre estão na minha vida.

[Alguns highlights recentes:]

Como costumo escrever sobre paixões pessoais e assuntos ‘latentes’ em meu dia dia, cá está um dos assuntos que estão em voga na minha vida. Venho de uma escalada tanto técnica quanto em termos de intensidade. Recentemente corri minha primeira meia maratona (21kms a 1:31:17 em 13/02/22), e antes dessa uma prova de 15K (1:03:50 em 06/02/2022), uma de 18K (1:17:08 em 19/12/2021 – 1º lugar em minha categoria) entre tantas outras que vinham vindo antes e muitas outras já agendadas para os próximos meses.

[Registros de percursos e provas diferentes…]

Ou seja, vou aproveitar esse momentum para unir alguns conceitos por aqui… E voltando ao livro em questão: a premissa central de “Antifrágil” gira em torno do seguinte questionamento: “Qual é o oposto de frágil?” – de ‘bate pronto’ poderíamos responder por raciocínio “lógico” que seria algo robusto, resiliente ou forte. Mas essas palavras não são suficientes. Nada disso seria o oposto de frágil.

Vale trazer à tona o conceito de fragilidade, de acordo com o dicionário:

1. que se despedaça ou quebra facilmente; quebradiço. 2. que enguiça ou se danifica com facilidade; delicado. 3. falta de vigor físico; franzino; debilitado. 4. pouco estável; sem solidez.

Se frágil significa algo que está propenso a quebrar ou fica mais fraco com o estresse (pense num ovo – você precisa manter esse ovo bem protegido para evitar que ele se quebre. Qualquer solavanco ou queda e já era). Então o oposto de Frágil é algo que se beneficia do estresse ou da desordem – Taleb chama isso de antifrágil (o exemplo clássico é a Hidra da mitologia grega – cada vez que você corta uma cabeça, duas crescem em seu lugar… Tornando-a um oponente mais forte e severo).

PS: A antifragilidade tem, obviamente, um limite – o estresse até certo ponto é benéfico, mas ‘cargas’ extremas podem levar ao colapso.

Uma vez consolidada, essa ideia é extremamente versátil. Eu mesmo já a usei diversas vezes em posts anteriores e cá estou explorando-a  novamente, através de novos ângulos. Quero aplica-la ao universo da corrida e tentarei desenrola-la primeiramente diferenciando um corredor frágil de um corredor antifrágil:

Um corredor (de longa distância) frágil é aquele que desenvolveu a capacidade de correr por longos períodos e nada muito além disso. Seu treinamento negligenciou vários grupos musculares e, como resultado, sua gama de habilidades é limitada. Esse tipo de corredor apresenta um desequilíbrio e estar propenso a lesões.

15ª Meia Maratona Int’l de São Paulo 21K (13/02/2022)

Um corredor de longa distância antifrágil pode correr longe e também explodir em sprints rápidos a qualquer momento. Ele pode correr subidas, descidas e terrenos variados. Ele investe seu tempo em treinamentos diversos além de treinos de força e outras atividades de condicionamento funcional além da corrida (qualquer forma de exercício que complemente a corrida). Ele aceita desafios interessantes e os encara sempre com vigor – seguido de necessários períodos de descanso.

Então você está dizendo que podemos nos beneficiar de algum estresse em nossas vidas (neste caso no condicionamento físico)?

Sim, precisamente.

Aqui, “estresse” significa alguma dificuldade ou obstáculo que temos que superar no caminho.
PS: Fica aqui uma dica de outro livro inspirador sobre isso: “O obstáculo é o caminho: A arte de transformar provações em triunfo” de Ryan Holiday. Esse autor é um expert em Estoicismo e nas diferentes formas de aplicar essa Filosofia nos dias de hoje. Penso em continuar esse post qualquer outra hora aplicando esses conceitos no universo da corrida – a ver…

Sem estresse, nossos músculos, habilidades e força de vontade se atrofiariam.

Muito do livro é voltado para o universo da economia e dos investimentos e a lógica é a seguinte: há uma série de variáveis incontroláveis no momento de aplicar os seus recursos. Exemplo: todos os fundamentos de uma ação podem se mostrar positivos, mas uma crise política afetar todo o cenário e fazer com que o investimento seja afetado. De forma muito simples, ao entender e aceitar a própria antifragilidade, o investidor é capaz de se sair melhor neste verdadeiro caos, tomando as decisões mais acertadas para aquele momento.

Com o passar do tempo, ser capaz de lidar com esse tipo de situação faz com que o investidor busque conhecimento e confiança: é como se o caos contribuísse no desenvolvimento desta pessoa. A antifragilidade não se resume à resiliência ou à robustez. Algo “robusto” pode aguentar uns trancos sem apresentar danos. Mas irá se desgastar com o tempo. Não são indestrutíveis. Em outras palavras, o resiliente resiste a impactos e permanece o mesmo em contra partida, o antifrágil vai melhorando! Essa propriedade está por trás de tudo o que vem mudando com o tempo: a evolução, a cultura, as ideias, as revoluções, a inovação tecnológica, o sucesso cultural e econômico, a sobrevivência das empresas, etc.

Como corredores, temos que buscar a antifragilidade e isso, assim como tudo o que importa na vida, só com o tempo, disciplina, treino, investimento e paciência.

Por mais que se prepare para uma prova, no volume e intensidade dos treinos, no fortalecimento geral, dieta, suplementação, entre outros tantos pontos; diversos fatores estão longe do controle de um corredor – em especial o clima. É muito provável que, em determinado momento, o corredor precise tomar decisões importantes, sob o efeito do cansaço físico e mental, especialmente em provas longas ou em tentativas de superar seu melhor tempo.

Um dos grandes desafios é descobrir o que deu “errado” nas tentativas de ser um corredor melhor. Há muito o que ponderar sobre os tipos de treinos que foram feitos, mas também as tentativas de adaptar a mente para suportar toda a experiência.

Na introdução do livro, Taleb fala sobre apreciar o erro: “O antifrágil aprecia a aleatoriedade e a incerteza, o que também significa — acima de tudo — apreciar os erros, ou pelo menos certo tipo de erro. A antifragilidade tem uma propriedade singular de nos capacitar a lidar com o desconhecido, de fazer as coisas sem compreendê-las — e fazê-las bem. Permita-me ser mais incisivo: somos muito melhores agindo do que pensando, graças à antifragilidade. Eu preferiria ser ignorante e antifrágil a extremamente inteligente e frágil, em qualquer ocasião”.

Trata-se de um aprendizado contínuo que podemos levar para a vida toda – inclusive para nossas corridas.

Epílogo #1

“Olimpíadas Inter-Alphas” circa 2000

Obviamente, a viagem no tempo no sentido mais estrito não é possível. Mas há uma maneira bastante mágica de “viajar” para o futuro, ou pelo menos falar com o futuro: fazendo o que temos que fazer agora mesmo, no presente. Todos os dias temos essa capacidade de enviar uma mensagem para o futuro. A decisão de acordar cedo. Treinar… Comer bem. Passar momentos significativos com quem amamos. Essas são coisas que – o quê quer que o futuro nos reserve – olharemos para trás e agradeceremos a nós mesmos do passado. Não poderemos agradecê-los, é claro, mas podemos retribuir. Podemos começar a trabalhar enviando a próxima mensagem, fazendo a próxima contribuição para o nosso futuro.

Epílogo #2

Montando a Playlist perfeita para uma corrida antifrágil!

Resolvi compartilhar algumas músicas que sempre me acompanham nas corridas e vocês podem ouvir alguns mixes que criei com muito carinho aqui (youtube) e aqui (deezer).

Eu geralmente agrupo-as numa espécie de mixtape personalizada com a temática da prova que vou correr, criando uma narrativa coerente com o percurso, quilometragem, tempo de prova estimado etc. Incluir algumas dessas músicas na sua playlist dará um ânimo a mais nos seus treinos:

Rebel Yell – Billy Idol

White Wedding – Billy Idol

Machinehead – Bush

I Ran (So Far Away) – Darude (‘a flock of seagulls’ cover)

Counting Blue Cars – Dishwalla

Madness – Muse

She Wants It (Ayo Technology) – 50 Cent feat. Justin Timberlake

Pump Up The Jam (Space Jam: A New Legacy) – Lil Uzi Vert

Desperation – Daughtry

World on Fire – Daughtry

The Day is My Enemy (Caspa Remix)- The Prodigy

One Love (Jonny L. Remix) – The Prodigy

Voodoo People (Pendulum Remix) – The Prodigy

Lost in Time – Big Black Delta

County Fair – Joe Walsh

Have a Nice Day – Bon Jovi

Will You Special (Tommie Sunshine Original Mix) – P.O.D.

Kids in America – Fourth Grade Nothing

Take My Breath – The Weeknd

(Can’t You) Trip Like I Do – Filter and The Crystal Method

Everlong – Foo Fighters

Walk – Foo Fighters

The Pretender – Foo Fighters

You Know You’re Right – Nirvana

State of Love and Trust (Demo) – Pearl Jam

Torn Appart – Stabbing Westward

Don’t Change – INXS

Vertigo – U2

Bring Me to Life – Evanescence

Take a Look Around – Limp Bizkit

I Disappear – Metallica

I Was Made for Lovin’ You (Alive III) – KISS

Wildfire – BT

The War – BT

Dreams – Van Halen

In the End – Linkin Park

Rock You Like a Hurricane – Scorpions

You Could be Mine – Guns N’ Roses

“Quando tudo voltar ao normal…”

31 dez

por André Beraldino
(Coach de Relacionamentos CPC, CRC, CBEC / WCI-EUA)

Escutando o maravilhoso e instrospectivo album “Everything You’re searching for is on the Other Side of Fear” do sempre inspirador BT.

“Quando tudo voltar ao normal…”

Já escutamos isso por aí.

Já nos pegamos falando isso em algum momento nos últimos meses.

Eu me peguei pensando nisso hoje de manhã durante minha corrida habitual: “quanto tempo ‘tudo isso’ vai durar?”

Bom… É um pensamento natural, claro. Tudo “isso” é mesmo, tããão estranho! Não? Uma pandemia que perturbou todas nossas vidas. Balançou tudo. E tudo… Hmmm… Tudo parece tããão (mais) frio, polarizado, paralisado… Distante… Esquisito. Injusto! (Insiram aqui os adjetivos “favoritos” que melhor vierem às suas cabeças)

Vocês, assim como Eu, teriam e devem ter rampantes ao redor dessas e a tantas outras indagações.

Mas analisando essa situação num longo; longuíssimo prazo, não há nada de anormal, aqui. Como escrevi um pouco no post anterior ( Então foi um ano difícil? ) :

2020 foi mesmo um ano tão ruim? Tão ruim quanto 1349, quando a peste negra exterminou metade da Europa, ou quanto 1918, quando a gripe matou de 50 a 100 milhões de pessoas? São tantos “anos ruins” como, por exemplo 1865, 1777, 1929, 1968, 2009…. Grandes guerras, pós-guerras, quebras de bolsas, agitações civis, atentados terroristas, grandes surtos… 

A única constante é a mudança. Às vezes ela (a mudança) vem na forma de uma pandemia… E quê mudança heyn?! Mas nem sempre vêm de forma tão conspícua. Pode vir de forma tão sutil e te pegar de surpresa quando menos esperar. Seja como for, estamos nadando num mar de possibilidades e mudanças constantes.

Parafraseando o imperador romano Marco Aurélio: “O que quer que aconteça, sempre aconteceu e sempre acontecerá, e está acontecendo neste exato momento, em todos os lugares”. Bem assim!

Em outros termos… “Tudo o que fizemos ou faremos, faremos indefinidamente para sempre”.

Ou ainda, se preferirem (Eu prefiro e adoro) o termo Ouroboros, simbolizado pela cobra ou dragão que morde a própria cauda que representa “O Eterno Retorno”.

Essa é uma teoria de que o universo e toda a existência e energia estiveram recorrentes e continuarão a ocorrer, de forma autossemelhantes um número infinito de vezes através do tempo ou espaço infinito, ou de que há um padrão cíclico de certas recorrências. A teoria é encontrada na filosofia indiana e no Egito antigo, bem como na literatura da sabedoria Judaica e foi posteriormente adotada pelos Estoicos.

Deixando de lado a carga energética / metafísica (que não abordarei em detalhes); sim, estou “falando” sobre Estoicismo novamente, mas com um ‘twist”; afinal após os filósofos gregos e muito mais próximo de Nós temos, Friedrich Nietzsche que também define esse conceito em sua obra (em alemão o termo é Ewige Wiederkunft) e a faz tema central em sua obra. Como nessa passagem de Notes on the Eternal Recurrence:

“Quem quer que tu sejas, amado estranho, a quem eu encontro aqui pela primeira vez, aproveita esta hora feliz e a quietude que nos rodeia e acima de nós, e deixa-me dizer-te algo do pensamento que subitamente surgiu diante de mim como uma estrela que fracamente lançaria raios sobre ti e sobre cada um, como convém à natureza da luz. – Companheiro! Toda a sua vida, como uma ampulheta, sempre será revertida e se esgotará novamente – um longo minuto transcorrerá até que todas as condições das quais você evoluiu retornem na roda do processo cósmico. E então você encontrará toda dor e todo prazer, todo amigo e todo inimigo, toda esperança e todo erro, toda folha de grama e todo raio de sol mais uma vez, e todo o tecido das coisas que compõem sua vida. Esse anel em que você é apenas um grão brilhará novamente para sempre. E em todos esses ciclos da vida humana, haverá uma hora em que, pela primeira vez, um homem, e então muitos, perceberão o poderoso pensamento da eterna recorrência de todas as coisas: – e para a humanidade, essa é sempre a hora do Meio-dia”.

De forma similar e anteriormente, Heinrich Heine escreveu:

“O tempo é infinito, mas as coisas no tempo, os corpos concretos, são finitas. Elas podem de fato se dispersar nas menores partículas; mas essas partículas, os átomos, têm seus números determinados, e também é determinado o número das configurações que são formadas a partir delas. Agora, por mais que o tempo possa passar, de acordo com as leis eternas que governam as combinações desse jogo eterno de repetição, todas as configurações que existiam anteriormente nesta terra devem ainda se encontrar, atrair, repelir, beijar e corromper novamente…”

Poético… Não? Ah… Eu gosto muito de viajar nesse conceito. Logicamente você pode leva-lo para qualquer esfera da sua vida – como qualquer (excelente) figura mitológica que se preze. Ganha vida a partir das mais diversas interpretações.

E então… A figura de Ouroboros pode “surgir” das mais diferentes formas… Eu mesmo já escrevi um bocado sobre isso como nesse post: Mordendo a Própria Cauda; que é também um post de Reveillon e vale ser relembrado / relido.

Mas voltando às coisas que têm ocorrido em 2020.

Tudo o que acontece é normal. Não há nada de anormal em nada “disso”.

A Vida é a Vida. A única surpresa é que estamos surpresos.

Claro que não aguentamos mais home office, home schoolhome whatever… Preferiríamos andar por aí sem máscaras. Encontrar nossos brothers & sisters nos botequins e pubs que tanto gostamos… Mas e aí? Isso tornaria as “coisas” menos anormais? Mais “normais”?

As “coisas” simplesmente são. E ficar esperando que elas mudem é uma grande besteira – e uma grandíssima perda de tempo.

Quanto mais as coisas mudam, mais elas permanecem iguais… Em tempo! Nossos planos e projeções mesquinhas têm pouco ou nenhum efeito sobre as marés do tempo. Nada disso é pessoal. As coisas só são independente de Nós e ponto.

A vida é violenta. A natureza não está nem aí para vocês ou para mim. A História é dura, confusa e opressora. A “História” não se importou com as pessoas que tiveram que passar por ela. A História é apenas um registro da vida, e a vida é assim!

Mas isso significa que não podemos ter paz ou felicidade neste caos? Só porque não existe esse negócio de “normal”, devemos ficar ansiosos e deprimidos?

Pelo contrário! 

E foi sobre isso que me peguei refletindo hoje pela manhã correndo:

Importa quando “tudo vai voltar ao normal”? 

Pelo menos para mim… Não. O que importa é o AGORA. O que importa é que os últimos doze meses foram doze meses de vida – e escolhi vivê-los.

Então foi um ano difícil?

13 nov

por André Beraldino
(Coach de Relacionamentos CPC, CRC, CBEC / WCI-EUA)

Já na reta final de 2020 posso seguramente afirmar que este, muito provavelmente, não foi o ano que esperávamos. Não esperávamos uma pandemia, vespas assassinas, enxame de gafanhotos, colapso em bolsas mundiais, incêndios em florestas, taxa recorde de desemprego, baleias engolindo caiaque e sabe se lá mais o quê possa ter atingido você individualmente (como ter que aguentar o terror de aulas online com seus filhos). Estourou o joelho? Perdeu um ente querido ou um grande cliente? Talvez tenha perdido o emprego. Ou seu relacionamento não “sobreviveu” ao lockdown… Sei lá!  

Mas, me pergunto… Foi mesmo um ano tão ruim? Tão ruim quanto 1349, quando a peste negra exterminou metade da Europa, ou quanto 1918, quando a gripe matou de 50 a 100 milhões de pessoas? São tantos “anos ruins” como, por exemplo 1865, 1777, 1929, 1968, 2009…. Grandes guerras, pós-guerras, quebras de bolsas, agitações civis, atentados terroristas, grandes surtos…

Claro que não podemos ignorar ou fazer pouco caso de tudo isso que já passou. Coisas assim acontecem e são bem reais – com consequências bem reais. Os Estoicos certamente teriam apontado exemplos como esses para nos ajudar a enxergar a coisa toda sob uma perspectiva mais ampla. Sempre há espaço de manobra. Nem tudo está perdido.

Há uma verdade simples a ser entendida: a Humanidade sobreviverá a isso ou não. Você vai sobreviver a qualquer coisa que acontecer ou não vai. Tanta coisa “ruim” já aconteceu; e adivinhe só…? Nós estamos aqui! Nós sobrevivemos. E as pessoas que não o fizeram? Bom… Elas tiveram suas próprias formas de ‘alívio’ por mais difícil que possa ter sido entender no momento.

Este não foi um ano ruim. Foi apenas mais um ano. Um ano talvez mais parecido com alguns outros e menos com alguns outros anos. Mas foi o que foi. Não controlamos o que foi mas temos alguma influência para onde estamos indo.  

Tudo vai melhorar… Ou, na pior das hipóteses, não vai melhorar e talvez você nem esteja por aqui para se preocupar com tudo isso.

Com essa deixa trago à mesa o conceito fundamental do estoicismo: MEMENTO MORI – trata a morte como algo natural e certo que não deve ser temido, mas sim, elaborado. Os estoicos clássicos eram particularmente conspícuos por seu uso desta disciplina. Suas narrativas estão repletas de injunções à meditação sobre a morte.

Não acho que 2020 tenha sido tão “ruim” assim. Foi um ano de altas volatilidades e com elas oportunidades incríveis de crescimento. Não temos como saber o que será daqui para frente mas está aí uma boa chance de utilizar essa passagem de Sêneca para refletirmos:

“Muitos homens se apegam e agarraram-se à vida, assim como aqueles que são levados por uma correnteza e se apegam e agarram-se a pedras afiadas. A maioria dos homens minguam e fluem em miséria entre o medo da morte e as dificuldades da vida; eles não estão dispostos a viver, e ainda não sabem como morrer.” – trecho da “Carta 4: Sobre os Terrores da Morte”

Temos que nos tornar ANTIFRÁGEIS!

5 ago
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por André Beraldino
(Coach de Relacionamentos CPC, CRC, CBEC / WCI-EUA)
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O mundo é um lugar maluco, duro, cruel e aleatório. Planos são frustrados num piscar de olhos. Coisas caem e quebram. As pessoas que amamos viram pó. A bolsa de valores sobe e despenca. Perdemos o que construímos e o que economizamos investindo com tanto cuidado.

Aí temos o Estoicismo, que já mencionei anteriormente; uma filosofia de autodisciplina e força.

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Em parte o Estoicismo nos inspira a sermos robustos. Para que não quebremos com tanta facilidade.
Então… Tentamos ser Estoicos, claro! Tentamos ser fortes, mas às vezes vacilamos. Isso é fraqueza?
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Não! Isso é uma coisa “boa”. Como Hemingway escreve em uma das passagens mais bonitas de Adeus às Armas; “O mundo quebra a todos, e depois muitos se tornam mais fortes, nos lugares quebrados. Mas aos que não se deixam quebrar, o mundo os mata“.
Vamos deixar claro o que é Estoicismo. Em termos simples, é uma filosofia projetada para torná-lo mais forte, para que você não quebre com facilidade; sim! No entanto… Não é uma filosofia para torna-lo inquebrável – pelo menos não no sentido “básico” dessa palavra. Ao invés disso, o Estoicismo existe para ajudá-lo a se recuperar quando o mundo o quebrar e… Torna-lo mais forte no processo de recuperação.
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Muito do que acontece está fora de nosso controle… PANDEMIAS; o mercado financeiro, redes de abastecimento, Líderes mundiais… Decisões e restrições impostas pelo governo. O que nossos vizinhos fazem, etc..Tudo isso pode nos derrubar e nos machucar. Sim!

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Um Estóico se cura, tendo foco no que pode efetivamente controlar: sua resposta frente a esses “eventos”; na reparação e no aprendizado.

A preparação é pensada no futuro.
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ANTIFRÁGIL! É nisso que nos tornamos, como Nassim Taleb sugere em seu maravilhoso livro com o mesmo nome. Nos tornamos melhores pelo que nós passamos. Melhor do que se tivéssemos resistido e nunca tivéssemos quebrado em primeiro lugar.
Esta não é uma ideia exclusiva do Ocidente. Existe uma forma de arte japonesa chamada Kintsugi. Nela, os mestres reparam pratos, xícaras e tigelas quebrados, porém, ao invés de recriar essas peças simplesmente fixando os pedaços em seus estados originais; eles tornam essas peças melhores.
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As peças quebradas não são coladas, mas fundidas com uma mistura especial formada a partir de ouro, prata ou platina. Kintsugi foi inventado como uma maneira de transformar as cicatrizes de uma ruptura em algo bonito.
Na cultura Zen, a impermanência é um tema constante. Eles teriam concordado com Hemingway que o mundo tenta quebrar os robustos e os fortes.
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Somos como xícaras em nosso estado natural. Estamos simplesmente esperando para sermos despedaçados – por acidente, por malícia, por estupidez ou má “sorte”. A solução zen para essa situação perigosa é “abraçar” essas oportunidades. Talvez até procurando e nos colocando em situações onde tais rupturas “aconteçam”.
E é aí que entramos em contato com a beleza e força que nos torna Humanos.
Humanos nem inquebráveis, nem robustos. Porque aqueles que não podem quebrar, não podem aprender e não podem ser fortalecidos pelo que aconteceu.

Aqueles que não quebram são os que o mundo mata.

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Não seja inquebrável. Seja, ao invés disso; impossível de ser arruinado!

RESPIRAR E AMAR – por Ana Fonseca

5 jun

(por Ana Fonseca)

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Já perceberam como o ser humano está focado em humanizar as coisas?

Parto humanizado, venda humanizada, marketing humanizado, atendimento humanizado

Ainda mais no momento atual… Parece que chegou um choque de realidade com a necessidade de humanização das pessoas!

Daí percebemos o quanto nos afastamos do nosso natural… de naturalmente ser.

Pelo que me lembre, somos humanos certo? Ou seja humanizar deveria, ser nossa essência natural de fazer, bem… Qualquer coisa!

Mas não, seguimos normas, seguimos uma sociedade normativa, capitalista, quadrada, que te faz querer sempre mais, ter mais, conseguir mais rápido pelo menor caminho, evitar fracassos, e com isso atropelar tudo e quem quer que seja para chegar ao sucesso. Seja ele pessoal, profissional, em relacionamentos, familiar… E nesse conceito de vida no atropelo, o humano natural, foi sendo esquecido.

Esquecido que somos fruto do amor. E só daí precisaríamos parar e repensar nossa caminhada. Esquecidos que quando crianças não temos nenhuma maldade no coração e nas atitudes, que toda a criança é “taxada” de ingênua e imatura por que “não conhece as coisas da vida ainda”, ou “deixa crescer pra ver como vai ser”… Mas ela já é! E nós adultos humanos, não tão humanos assim na atualidade, não enxergamos isso. Vemos todo esse natural na nossa frente desde cedo, e achamos que “ahhh só uma criança imatura ainda, ahhhhh quando ficar adolescente”.

Não gente, tomamos caminhos errados, do ego, da soberba, de competitividade negativa, da ansiedade, do atropelamento de virtudes. Vivemos na era onde uma das maiores doenças é a depressão. Percebe? Erramos a caminhada… E agora sentimos essa necessidade, quase que respiratória, de “humanizar” tudo.

Estamos vazios. E precisamos que os outros nos lembrem como é ser, humano.

E ser humano, é amar. Simplesmente.

Enquanto você sentir amor por você, pelo outro, pelas suas conquistas, pela sua caminhada, pelos seus fracassos, pelas suas dificuldades, tudo ficará mais claro…

O copo passa a ficar meio cheio, as dificuldades, mesmo que grandes, passam a ter algumas outras soluções que antes você não havia enxergado por estar abraçado com a angústia.

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Vamos respirar? Respirar é nossa maior conexão com o natural. Respirar acalma, te faz centralizar e com isso o sentimento de ansiedade e angústia se vai… por isso que inconscientemente você inspira fundo depois de um dia de trabalho, ou inspira e fecha os olhos antes de uma reunião, ou quando um amigo chega desesperado vc pega na mão dele e diz se acalma, respira. Ou surgem montagem na internet com respira e não pira, e assim por diante.

Estamos esquecendo até de respirar. Coincidências com momento atual? EU, Ana, acho que não. O Planeta grita, e agora nós paramos para ouvir ou tentar, pelo menos. Ele foi o primeiro naturalmente esquecido e afetado. Mas não vou entrar em méritos ambientalistas aqui.

Vou apenas pedir para você respirar por 30 segundos e sentir o amor que existe dentro de você. E ser humano. Vamos?

Estoicismo, Sinal-Ruído, Anti-fragilidade e Pandemia! (entre outras coisas) – por André Beraldino

5 jun

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por André Beraldino
(Coach de Relacionamentos CPC, CRC, CBEC / WCI-EUA)

Trilha Sonora Recomendada para a Leitura: EIDOS (by BT)

Fazia tempo que eu não escrevia nada por aqui (aliás, cá entre nós, esse post estava na minha lista de rascunhos desde o finalzinho do ano passado 2019 e entre idas e vindas… Et voilà… SAIU!). Tá certo que são outros tempos… Cá estamos todos distantes no meio de uma pandemia que nunca imaginamos… Mas talvez seja o momento ideal para filosofar um pouco… Sem pretenções! Acho que isso é reflexo do que revelei no último post; de que minhas intenções neste Blog são agrupar uma série de reflexões pessoais sem necessariamente a necessidade ou o cuidado de gerar um material didático voltado ao universo da auto-ajuda ou qualquer coisa do gênero.

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Nesse ‘meio tempo’ andei estudando alguns conceitos Estoicos interessantes. O mais curioso (para mim), seja o fato de que uma das premissas “básicas” do Estoicismo (“O prazer é um inimigo do Homem sábio“) nunca fez sentido ou tenha me agradado. Ao contrario, sempre me considerei um Hedonista quando o assunto era a busca pelo prazer; tendo na ponta da lingua a célebre frase dita por Mouse em Matrix (1994): “Negar nossos impulsos é negar aquilo que nos faz Humanos“.

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A temática e busca por respostas ao meu questionamento constante “O quê nos torna (mais?) Humanos?” me leva para extremos interessantes e desafiadores… (Esse tema ganhará um insight interessante da Ana Fonseca no próximo post!)

Os filósofos Estóicos são conhecidos por serem “frios” e “rígidos” demais para meu gosto, porém, superei meus preconceitos. Para minha surpresa “tropecei” em muita coisa bacana nessa minha jornada pelo Estoicismo.

Vamos começar por um versinho clássico de Epiteto que acho que “traz” um pouco de como sempre vivi (explicarei mais para frente):

“With regard to whatever objects give you delight, are useful, or are deeply loved, remember to tell yourself of what general nature they are, beginning from the most insignificant things. If, for example, you are fond of a specific ceramic cup, remind yourself that it is only ceramic cups in general of which you are fond. Then, if it breaks,you will not be disturbed. If you kiss your child, or your wife, say that you only kiss things which are human, and thus you will not be disturbed if either of them dies.”

“Sempre vivi” é uma frase muito forte, é verdade. Todos estamos aqui aprendendo… Evoluindo. Com base nisso é inevitável lembrar de “lições” simples que tive, como por exemplo, alugar e devolver fitas de Super Nintendo quando tinha uns 8 ou 9 anos. (Lembro-me que a locadora se chamava “BUBBLE GUM” e ficava na Alameda Ministro Rocha Azevedo). Eu e meu irmão íamos à locadora e alugávamos alguns jogos para passarmos o fim de semana. Ao fim do Domingo (ou na Segunda-Feira pela manhã quando estávamos indo para a escola; Dante Alighieri), tínhamos que devolve-las.

Como uma criança, Eu reconhecia a natureza efêmera das coisas mesmo em “coisas” simples como o alugar de fitas (só para deixar registrado nerdmente, o termo correto seria “cartuchos” ou invés de “fitas”) de video-game.

De qualquer forma e por mais triste fosse cumprir esse ‘ritual’, Eu nunca choraminguei, reclamei ou questionei o porquê daqueles jogos tão legais terem que ser devolvidos. Eu simplesmente entendia que essa era a “regra”.

Os Estoicos sugerem que as regras da vida não são tão diferentes do que eram essas regras das locadoras de fitas de video-game (a long time ago, in a galaxy far away…).

Parafraseando os Noruegueses da banda A-HA: “There’s never a forever thing”. Tudo tem um começo e um fim. Todo Carnaval tem seu fim. A vida acaba e se você não gosta dessa ideia, a porta de saída é serventia da casa.

A Natureza nos dá exemplo disso constantemente. Os exemplos estão ao nosso redor… Árvores, empresas, animais de estimação… Pessoas que amamos.

Esse mindset me dá foco. E os ensinamentos do Estoicismo giram em torno de coisas que podemos efetivamente manejar / lidar.

E o que essa minha ultima frase tem a ver com tudo isso que temos vivido ultimamente? (pandemia, enclausuramento, mudança de rotina, quebra de paradigmas, adaptações etc?)

Bom, é uma boa hora para trazer à mesa um dos meus conceitos favoritos… É um daqueles termos técnicos que podem ser aplicados a várias coisas da vida. Se estivermos atentos e sensíveis aos “decibéis” ao nosso redor.

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RELAÇÃO SINAL-RUÍDO ou razão sinal-ruído… Signal to Noise… Ou apenas SINAL vs RUIDO. Como você preferir…

“É um conceito de telecomunicações, usado em diversos campos como ciência e engenharia que envolvem medidas de um sinal em meio ruidoso, definido como a razão da potência de um sinal e a potência do ruído sobreposto ao sinal(…). Em termos menos técnicos, a relação sinal-ruído compara o nível de um sinal desejado (música, por exemplo) com o nível do ruído de fundo. Quanto mais alta for a relação sinal-ruído, menor é o efeito do ruído de fundo sobre a detecção ou medição do sinal.”

A quantidade de informações a que estamos sujeitos é capaz de transformar qualquer mestre Zen em um neurótico! Isso me traz à tona o conceito de de RUÍDO (aquilo que deveríamos ignorar) e de SINAL (aquilo em que é preciso prestar atenção), ou melhor a relação “ruído – sinal”; como é utilizada na ciência e na engenharia, principalmente.

O ruído está além do som real, é uma generalização usada para descrever informações aleatórias totalmente inúteis a qualquer objetivo, e que é preciso desconsiderar para que aquilo que se está ouvindo faça sentido.

Quanto maior a frequência com que consultamos as informações, mais desproporcionalmente propensos estamos a captar ruídos (em vez da parte valiosa, chamada de sinal); portanto, maior será a relação ruído – sinal.

De acordo com Nassim N. Taleb (e continuando um pouco o “papo” do último post); um agente estressor é informação. Ou seja, informação em excesso é igual a estresse elevado. Para o autor, isso deixaria qualquer um distante da anti-fragilidade.

A verdade é que há uma tendência de reagirmos de maneira emocionalmente extremista a ruídos. O ideal seria prestarmos atenção apenas em alterações muito significativas nas informações ou nas condições. Nunca nas pequenas alterações. Ou seja no plano geral e não nas pequenas rusgas em nosso dia a dia.

Em termos de “relacionamentos” eu sempre levei comigo uma máxima que não sei ao certo se li / ouvi em algum material de estudo ou se inventei com o tempo mas… Para mim é uma verdade constante: 70% de bons momentos versus 30% de maus momentos. O que isso significa? Que num determinado período analisado – seja um dia, ou uma semana… um mês… sei lá – deve-se observar e pesar na “balança” se 70% do que você vive no relacionamento são coisas boas / gratificantes / produtivas etc.

Se de 10 “coisas”, pelo menos 7 forem boas (na média), beleza! Essa é a boa! As outras 3 geralmente são ruídos… Chateações aleatórias que vem e que vão. Tarefas do dia a dia… Coisas que estarão por aí independente do relacionamento… Até de forma menos agradáveis, geralmente.

Coisas boas vão sempre acontecer… Coisas ruins também… Para essas, Eu posso praticar firmeza. Eu posso praticar aceitar coisas que não posso mudar. Eu posso praticar uma certa calma, uma certa leveza… Uma compreensão de como realmente me contentar com o que tenho. Entendendo que há certas coisas pelas quais eu anseio, mas que podem não ser boas para mim. Compreender que certas falhas e deslizes irão me moldar e me ajudar a me tornar uma pessoa melhor; mais forte… Mais autêntico.

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Obviamente, o Estoicismo não é uma receita mágica para a “conquista absoluta por todas as frentes”. Não lhe dará tudo o que você deseja. A vida é difícil. Às vezes, o obstáculo no caminho não se move. Mas, assim como tudo na vida; se o Estoicismo não nos der o que queremos, ele pode (como sempre digo) nos dar o que precisamos.

 

Sucesso no mundo do cortejo e outros assuntos interessantes (por André Beraldino)

20 nov
por André Beraldino
(Coach de Relacionamentos CPC, CRC, CBEC / WCI-EUA)
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“It’s a trick of my mind
Two faces bathing in the screen light
She’s so soft and warm in my arms
I tune it into the scene
My hands are resting on her shoulders
When we’re dancing away for a while
Oh, we’re moving, we’re falling
We step into the fire
By the hour of the wolf in a midnight dream
There’s no reason to hurry
Just start the brand-new story
Set it alight, we’re head over heels in love
Head over heels
The ringing of your laughter
It sounds like a melody
To once-forbidden places
We’ll go for a while”
-Alphaville

O SUCESSO no mundo do cortejo, no meu caso já que trata-se de um post baseado em minha vida, com as Mulheres; é bem diferente do Sucesso que você possa ter “aprendendo” a usar um interruptor.

Logicamente Eu não nasci sabendo isso, e certamente investi (auto-motivadamente) uma certa porção da minha vida para chegar a algumas (várias) conclusões práticas como essa. Enfim… O Sucesso com as Mulheres é mais parecido com o Sucesso que se tem ao aprender a tocar um instrumento (e eu toco alguns instrumentos aqui na vida “real”, o que me faz apreciar ainda mais essa analogia). Envolve (muita) prática e dedicação (constante). No início a “coisa” simplesmente não faz sentido. Não rola. O som não sai. Tudo parece um pouco “fora de contexto”.

As vezes mesmo praticando você acha que não está “saindo do lugar”. E isso pode ser frustrante. Claro! Mas, se você continuar se esforçando, vai começar a tirar algumas músicas. Combinações simples de notas… Mas elas vão fluindo melhor… Você começa a perceber que está ficando bom. E tudo vai ficando mais natural. Você começa a improvisar a criar harmonias. Começa a encaixar notas onde antes não havia. Depois, você começará a compor suas próprias músicas e quando perceber, estará dominando o instrumento por completo, as mais variadas técnicas etc.

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Mas e daí?

E daí que, queira você ou não, Eu já dediquei muito de meus momentos livres – e não tão livres – para pensar, estudar e treinar tudo que pode ser treinado nessa área. E cheguei a algumas ideias e revelações práticas muito particulares. Muitas delas vão de total encontro com a extensa literatura da Psicologia Evolucionária / Biologia Evolutiva. Onde há discordância entre minha vivência e o que está “nos livros” pode ser a chave para novas teorias e estudos posteriores.

Você pode pensar, ou dizer por aí: [Mas para quê tanto estudo? Ninguém liga! As pessoas só estão vivendo por “aí”. Ninguém tem tempo “isso”.]

Concordo que as pessoas só estejam mesmo vivendo por aí. Embora muitas possam aparentar estarem apenas sobrevivendo por aí. Batendo cabeça. Em geral, as pessoas vivem vidas chatas; e isso não necessariamente é ruim. É standard… Padrão. Comum. Igual. As horas passam. As pessoas trabalham, voltam às suas casas, acordam cedo no dia seguinte. As vezes “esbarram” em alguém aqui e ali… E “Oi, tudo bem?”… “Tudo bem”…

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Essas pessoas buscam inconscientemente (e desesperadamente) sentirem alguma coisa… Qualquer coisa! E é aí que Eu entro (parafraseando Justin Timberlake: “now it might sound cocky but is it really cocky if you know that it’s true?” – reflita).

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Sabemos que “coisas em comum”, gostos e afinidades superficiais não aproximam verdadeiramente as pessoas. Se quisermos romper o véu da quarta dimensão, ou seja, sair do estar juntos para criarmos algo de real significância temos que “ter” algo a mais nessa equação. São EMOÇÕES que criam esse sentimento de união transcendental entre as pessoas.

A EMOÇÃO é a droga mais viciante que existe.

Então, no mundo da atração natural, o que tem valor é exatamente aquilo que cria um fluxo de emoção (positiva) constante. E existem inúmeras maneiras de se fazer isso (acredite em mim).

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E o que a teoria da seleção natural / sexual tem a nos “oferecer” na prática, então? Por exemplo: será que a compreensão darwinista da natureza humana pode ajudar as pessoas a atingirem suas metas na vida? De fato será que pode ajuda-las a escolher suas metas? Será que pode ajudar a distinguir entre metas práticas e não-práticas? E, mais profundamente, será que pode ajudar a decidir quais metas valem a pena? Ou seja, será que o conhecimento básico nos ajuda a decidir que impulsos devemos considerar legítimos?

A resposta em minha opinião – e de qualquer autor Evolucionista (só para recomendar alguns de meus favoritos: Geoffrey Miller, David Buss, Robert Wright, Matt Ridley e Steven Pinker) é um sonoro “SIM”! Não há dúvida que ajuda.

Quando Eu busquei minhas certificações como Coach, não tinha intenção alguma de seguir uma carreira (?) voltada a autoajuda. Queria estudar, testar e escrever sobre questões da vida quotidiana (voltada a relacionamentos, que foi um assunto que sempre me fascinou). É lógico que muito do que disponibilizo publicamente terá algumas características de um livro de autoajuda. Mas não terá muitas outras. Não gosto de ser visto ou rotulado como um blogueiro especializado em conselhos enérgicos e calorosas reafirmações.

Uma visão evolucionista não simplifica extraordinariamente nossas vidas e, de certa forma, até complica tudo. Projeta a luz de um holofote sobre comportamentos moralmente dúbios a que somos propensos e cuja dubiedade a evolução conveniente ocultou de Nós.

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Voltando às EMOÇÕES… Elas são responsáveis pelas mais fantásticas conexões entre as pessoas e também pelos mais tristes términos. Você pode pensar “nossa que óbvio, todo esse tempo estudando para chegar a conclusão que estamos sujeitos a motivos emocionais?”. O que não é óbvio, é justamente o contrário. As pessoas não quantificam, somam, subtraem, dividem, e multiplicam os “pontos” na calculadora para decidir ficar ou terminar com alguém. Seria até muito mais fácil… Será?

A literatura indica que “Homens são afugentados do casamento por mulheres insossas, implicantes ou pela profunda crise existencial da meia-idade. Mulheres são afugentadas por maridos ofensivos ou indiferentes, ou são seduzidas por um Homem sensível e carinhoso.”

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É verdade, afirma Robert Wright (“The Moral Animal”, 1994). Mas por outro lado, as emoções são apenas os carrascos da evolução. Subjacentes a todos os pensamentos, sentimentos e diferenças de temperamento que os Conselheiros Matrimoniais, Psicólogos e (cof! cof!) Coaches de Relacionamento gastam o tempo e a sensibilidade analisando encontram-se os estratagemas dos genes – equações frias e duras compostas de simples variáveis: condição social, idade do cônjuge, número de filhos, a idade de cada um, oportunidades externas e assim por diante.

Será que a mulher em questão é realmente insossa e mais implicante do que era há 20 anos? Possivelmente, mas também é possível que a tolerância do marido com a implicância diminuiu agora que ela tem 50 anos e nenhum futuro como reprodutora. E a promoção que ele acabou de receber que já mereceu alguns olhares de admiração de uma moça no trabalho, não melhorou a situação.

Uma vez que comecemos a ver os sentimentos e pensamentos quotidianos como armas genéticas, as brigas de um casal assumem um novo significado. Mesmo aquelas que não são suficientemente sérias para acabar em divórcio são vistas como renegociações para melhoria do contrato. E há algo de valioso aqui também… Afinal, onde há crise há oportunidade de crescimento.

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Nessa linha… O autor Libanês Nassim Nicholas Taleb cunhou o termo “anti-frágil”. E o que seria a antifragilidade? Uma boa maneira para entender esse conceito é partir da definição do que seria frágil: algo que sai prejudicado (quebra, rompe ou deforma) quando submetido à pressão de um agente externo. Faz sentido para você? O antifrágil, oposto de frágil, é algo que melhora quando está diante de uma situação inesperada. Essa lógica é interessante pois rompe com o modelo de que o oposto de fragilidade está em força ou resistência, características de quem é capaz de suportar situações extremas sem se alterar. No argumento de Taleb, dizer que algo resistente é o oposto de frágil é como dizer que neutro é o oposto de negativo.

Por outro lado, se você optar pelo caminho do antifrágil, irá encarar os eventos adversos de frente e se aperfeiçoará diante deles. Dessa forma, para crescer, NÃO devemos evitar o caos. Isso mesmo: se esquivar e se proteger de ataques ou mudanças bruscas pode parecer um caminho seguro, mas não é a melhor opção para o seu desenvolvimento.

Então quer dizer que eu comecei um post falando sobre minha experiência (Sucesso) no mundo do cortejo (com Mulheres), passei por um papo esquisito sobre biologia evolucionária, citei uns autores e finalizei com um conceito de filosofia? É isso mesmo. Obviamente há muito mais para falar escrever sobre tudo isso (e falar também, por que não?). Há muitas entre linhas aí e conceitos a serem “jogados na mesa”. E acredite em mim, tudo isso fica mais gostoso numa mesa de botequim qualquer, mas por hora é o que temos. Espero que tenha gostado.